SETEMBRO AMARELO: a vida é a melhor escolha!

O Setembro Amarelo começou nos EUA, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994.

Mike era um rapaz muito habilidoso e restaurou um automóvel Mustang 68, pintando-o de amarelo. Por conta disso, ficou conhecido como "Mustang Mike". Seus pais e amigos não perceberam que o jovem tinha sérios problemas psicológicos e não conseguiram evitar sua morte.

No dia do velório, foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas. Dentro deles tinha a mensagem "Se você precisar, peça ajuda". A iniciativa foi o estopim para um movimento importante de prevenção ao suicídio, pois os cartões chegaram realmente às mãos de pessoas que precisavam de apoio.

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM e o Centro de Valorização da Vida (CVV), organiza, em território nacional, o Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa acontece durante todo o ano. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o suicídio é o segundo maior fator de morte entre pessoas de 15 a 29 anos (OMS, 2021).

É importante falar sobre esta problemática para que as pessoas que estejam passando por crise ou estejam vulneráveis busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha.

Parafraseando Clarice Lispector...falar é uma maldição e também onde mora uma possibilidade de salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva [...] No mínimo, falar confere alguma dignidade ao ato daqueles que se decidem pelo ato suicida.

Todos os dias lidamos com pessoas que sofrem, que possuem conflitos, dores...desamores. O normal do ser humano seria a comunicação, dizer o que sente, o que aflige, o que toca. Mas, nem todos conseguem se expor nesse complexo exercício, e, cada vez mais, esse vazio atravessa a nossa subjetividade e nos faz refém de nós mesmos. Não se iluda com a ideia de que aquilo que não está bem, vai passar com o tempo. Se expresse, busque ajuda, dê nome aos sentimentos, há momentos em que eles precisam ser traduzidos, entendidos, decifrados. Falar minimiza a dor, acalenta a alma. Fale para um amigo, um familiar, um profissional. Fale.

Para quem deseja ajudar, nada melhor que o acolhimento, sem julgar, sem criticar, sem isolar. Qualquer pessoa pode perguntar sobre o suicídio, mostrar que realmente se importa e oferecer um encaminhamento profissional, os pensamentos suicidas é complexo para uma só pessoa resolver. De janeiro a janeiro, podemos ajudar.

Vivemos em uma sociedade expositiva, somos influenciados pelo movimentos das redes sociais que muitas vezes prende, embola, confunde...autoimagem, autoestima. Na mídia não há tolerância para a realidade, para o real e verdadeiro sentir, é a aparência do TER em vez da permissão do SER.

Este breve texto não pretende esgotar a complexa discussão do suicídio, mas espero com ele estimular outras reflexões sobre o tema e contribuir minimamente com os objetivos do Setembro Amarelo, conscientizando para um movimento de vida.

"A ciência moderna ainda não produziu um medicamento tranquilizador tão eficaz como o são umas poucas palavras boas.” (Sigmund Freud).

 

Letícia Brito da Mota Fernandes – Psicóloga

CRP 14 05724-4